A importância do conforto térmico nas construções e 8 soluções

vista de cima do telhado de uma construção

No Brasil e no mundo, podemos observar os extremos das temperaturas se intensificando cada vez mais. Os invernos, em algumas regiões, passaram a ter suas temperaturas ainda mais baixas, apesar de uma menor duração, enquanto o verão vem apresentando temperaturas mais elevadas, podendo durar meses.

As nossas casas e os locais de trabalho deveriam estar preparados para garantir temperaturas confortáveis, mesmo nos extremos das estações. O que se observa, no entanto, é que o conforto térmico em edificações ainda é negligenciado em muitos projetos arquitetônicos, tornando os ambientes internos desconfortáveis e aumentando a necessidade do uso de sistemas de condicionamento de ar.

Por mais que alguns projetos ainda não considerem o conforto térmico, existem diversas pesquisas nas universidades relacionadas ao assunto que podem ser aplicadas na construção. Além disso, com o crescente interesse da sociedade por construções sustentáveis, as empresas estão oferecendo soluções que aumentam o desempenho da edificação, proporcionando mais conforto aos usuários e consumindo menos energia.

Escrevemos este artigo para disseminar o conhecimento sobre a importância do conforto térmico e as soluções que existem para implementar nos projetos. Boa leitura!

O que é conforto térmico?

No âmbito acadêmico, existem diversos estudos com as mais diferentes abordagens sobre conforto térmico, cada um trazendo a sua definição. Segundo a norma americana ASHRAE, conforto térmico pode ser definido como um estado ou uma condição de satisfação em relação ao ambiente em que a pessoa se encontra.

Estar em conforto, no entanto, é uma questão muito pessoal. Essa variação fica evidente em escritórios ou salas de aula, principalmente no verão, quando utiliza-se o ar-condicionado. Quando o sistema de refrigeração está ligado, é comum encontrar pessoas que estão confortáveis, outras que estão sentindo calor e aquelas que estão passando frio ou usando casacos.

Além das questões pessoais e comportamentais, existem variáveis que influenciam diretamente na sensação de conforto, como a umidade do ar e a velocidade do vento. Dessa forma, atingir o conforto térmico em edificações não é uma tarefa fácil.

É importante ressaltar que conforto térmico é diferente de eficiência energética. O primeiro diz respeito à sensação do usuário, se ele se sente bem com a temperatura do ambiente. O segundo diz respeito ao consumo da edificação, seja com os sistemas de iluminação e ar-condicionado, seja com os equipamentos em geral.

Qual é a sua importância?

A importância do conforto térmico pode ser observada tanto no nosso cotidiano quanto no consumo das edificações. Em relação ao nosso dia a dia, existem pesquisas, como a da Rehva Scientific, que evidenciam a sua importância no ambiente de trabalho. Nela, concluiu-se que o rendimento da equipe pode reduzir até 30% quando não há conforto térmico.

Nas construções residenciais, muitas vezes, precisamos adotar medidas para sentir conforto. Durante o verão, o uso do ar-condicionado está cada vez mais recorrente, aumentando o consumo de energia. No inverno, é comum usarmos casacos mesmo dentro de casa ou ligarmos aquecedores para deixar o ambiente confortável.

Residências ou escritórios que utilizam estratégias para atingir o conforto térmico apresentam maior eficiência energética. Isso acontece porque, em locais em que o conforto térmico é atingido por meio de estratégias passivas, como ventilação natural e escolha correta das coberturas, utiliza-se menos energia com sistemas de ar-condicionado.

Quais são as estratégias construtivas para atingir o conforto térmico?

Projetar uma edificação que tenha como objetivo proporcionar conforto térmico aos usuários é uma tarefa que exige estudo e paciência, pois existem diversas estratégias que influenciam diretamente nas condições do ambiente interno.

1. Telhado verde

As coberturas das edificações são áreas que impactam diretamente nas temperaturas internas, portanto, escolher o tipo de cobertura ideal é importante para garantir o conforto. Sistemas de telhado verde são soluções diferentes para as construções, que apresentam um excelente desempenho térmico, isolando as coberturas.

As coberturas verdes, além de serem excelentes isolantes térmicos, propiciam uma paisagem mais agradável, auxiliam na captação de água da chuva e mantêm a umidade do ambiente. Por outro lado, são sistemas que demandam mais manutenção e cuidados com infiltração.

2. Telha termoacústica

Outro tipo de cobertura que apresenta um excelente desempenho térmico são as telhas termoacústicas. Muitas vezes chamadas de telhas sanduíches, essas coberturas são compostas por duas telhas metálicas, com um preenchimento de poliuretano entre elas.

Além de garantir maior conforto térmico, essas telhas isolam melhor o som, garantindo conforto acústico também. Outra vantagem é que são feitas de materiais mais resistentes do que as telhas convencionais, diminuindo os custos com manutenção.

3. Orientação solar

Um projeto que busca o conforto deve prezar pela boa orientação solar. Posicionar os ambientes de permanência prolongada, como salas e quartos, em fachadas que recebem menos sol durante o verão e mais radiação durante o inverno é fundamental para atingir as temperaturas ideais em cada estação.

4. Ventilação cruzada

Adotar estratégias de ventilação cruzada é imprescindível, principalmente quando procuramos aliar o conforto térmico à eficiência energética. Posicionar as janelas e portas com dimensões adequadas a fim de garantir um fluxo de vento é uma estratégia que deve ser pensada desde a fase de projeto da edificação.

5. Sombreamento

A utilização de sombreamento por meio de venezianas ou brises externos à edificação auxilia a manter o controle da temperatura interna. Por serem estruturas móveis, as venezianas permitem a entrada de calor durante o inverno, mantendo o ambiente aquecido.

Durante o verão, elas podem ser fechadas, bloqueando a entrada da radiação solar e mantendo as temperaturas internas mais amenas. Os brises, por sua vez, são estruturas que podem ser fixas ou móveis. Em ambos os casos, é importante contar com um estudo da insolação na edificação para projetar os brises corretamente.

6. Drywall

O Drywall é uma tecnologia construtiva “a seco”. Já é utilizada nos Estados Unidos há mais de 120 anos, mas no Brasil, não faz bastante tempo que passou a ser adotada pelas construtoras por conta da aceitação do público em geral.

A construção utilizando esse tipo de material costuma ter bastante vantagem frente à construção convencional de alvenaria. Como ocorre no modo a seco, tem um tempo de execução menor. Além disso, possibilita modificações no layout de forma bastante prática, pois sua constituição é de placas preenchidas por lã de vidro ou de rocha.

Essa é, na verdade, a característica que favorece o isolamento térmico das construções que utilizam o drywall: seu preenchimento. O isolamento da temperatura é conseguido por essa sua característica de constituição. Como se não bastasse, o material ainda é resistente ao fogo, evitando sua propagação e fornecendo ótima segurança aos ocupantes do recinto.

7. Cobogós

O cobogó é um tipo de construção genuinamente brasileiro. Foi patenteado em 1929 e tem esse nome por levar as iniciais dos sobrenomes de seus três criadores: Amadeu Oliveira Coimbra, Augusto Boeckmann e Antônio de es, que na época eram donos de uma fábrica de tijolos.

A ideia da construção é de assentar os tijolos (à época, sendo somente de oito furos) do lado contrário. Isso mesmo! Olhando de frente, tem-se uma parede “vazada”, em que os furos dos tijolos permitem a entrada de luminosidade e (principalmente) da corrente de ar. Assim, o ambiente interno tem sempre à disposição uma corrente natural de ar.

Com o passar do tempo, esse tipo de arquitetura evoluiu bastante, passando a também adotar um estilo no qual as peças podem ser assentadas de forma irregular, criando os espaços vazados. Dessa forma, criaram-se novos formatos, em que as peças da parede não são necessariamente os tijolos de oito furos.

Bastante difundida na metade do século passado, esse tipo de construção acabou sendo deixado de lado após a preferência da construção pelo ferro e aço. O que se vê atualmente, no entanto, é uma retomada desse estilo, ao passo que o apelo a construções sustentáveis e com mais eficiência energética se torna cada vez maior.

8. Brises

Brise é um diminutivo para o nome de brise-soleil, palavra francesa que significa quebra-sol. Sua invenção e aplicação na arquitetura moderna é conferida ao francês Le Corbusier. Oscar Niemeyer também foi um grande utilizador dessa técnica de construção.

Os brises consistem em grande placas utilizadas nas fachadas das construções. Elas podem ser dispostas nas posições vertical ou horizontal. Sua grande utilidade é de impedir a incidência direta dos raios solares no interior da edificação.

Isso proporciona um duplo ganho para os ambientes internos: ocorre mais privacidade, pois a luminosidade maior do lado de fora faz com que o ambiente interno não seja claramente visto por quem está de fora; e proporciona melhor conforto térmico, pois ao passo que os raios solares não incidem diretamente, o espaço entre uma brisa e outra permite a circulação de correntes de ar.

Esse tipo de construção é considerado de bastante requinte e charme. É indicado tanto para regiões de alta exposição solar quanto para ambientes com temperatura mais baixa.

Trabalhar com conforto térmico em edificações é um desafio, tanto para o projetista quanto para quem executa as obras. Conforto é uma questão que varia de pessoa para pessoa, mas é importante que as edificações, tanto comerciais quanto residenciais, sejam planejadas para garantir o conforto térmico ao maior número de pessoas.

Para projetar uma edificação confortável, existem diversas estratégias que podem ser adotadas. Cuidados com a cobertura, utilização do tipo correto de telha para cada situação, manter a boa orientação solar, utilizar sombreamento e favorecer a ventilação cruzada são apenas alguns exemplos que auxiliam a manter a temperatura dentro de uma faixa de conforto.

Por fim, trabalhar com essas estratégias impacta o consumo energético da edificação. Apesar de serem coisas diferentes, conforto térmico e eficiência energética estão ligados diretamente e devem ser assuntos abordados de maneira simultânea durante o projeto e a execução.

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